Forrest Gump, de Winston Groom [resenha/crítica]

Forrest Gump - Winston Groom

Forrest Gump tem consciência de que é um idiota. Pelo menos é o que ele imagina. Seu QI não chega a 70. Muitas vezes, ele entende tudo de modo literal; é inocente e não percebe segundas intenções das pessoas. Mas o garoto do campo, que cresceu somente com a mãe, tem uma história fantástica. Ele vence campeonatos de futebol, ping pong, luta na guerra, recebe uma medalha de herói e se torna astronauta. A saga de Gump foi criada pelo escritor Winston Groom.

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Até o ensino médio, a vida de Forrest era uma tentativa diária de sobreviver aos valentões do colégio. Alto e rápido, ninguém lhe alcançava em uma corrida. Sem querer acabou indo jogar futebol americano. Seu único talento era disparar o mais rápido que podia com a bola.

O sucesso no esporte lhe garantiu acesso à universidade. No entanto, como nada vem de graça, as matérias eram incompreensíveis. Até o dia que ele se matriculou em uma disciplina chamada luz intermediária, um conteúdo de física que era para estudantes do mestrado. Curiosamente, Gump entendeu, a seu modo, as explicações do professor e conseguia executar os cálculos. Essa se tornou uma marca de Forrest Gump. O comum, a situação ordinária, era desafiador, mas o que parece improvável é onde ele se sobressaia.

Na universidade, ele fica próximo da sua paixão da infância, Jenny Curran. Ao lado dela, Gump participou de uma banda e aprendeu por conta prória a tocar gaita. Ele também conhece o seu melhor amigo, Bubba. E aqui vale uma observação. Forrest Gump foi adaptado pelo cinema em 1994. No papel do protagonista estava Tom Hanks. Entretanto, o processo de adaptação levou a mudanças significativas como a amizade com Bubba. No filme, eles se conhecem apenas no exército.

O tenente Dan, por exemplo, é um militar que Gump conhece no hospital e estava gravemente ferido. O tenente não é entusiasta da guerra, apesar de vir de uma família de militares. No filme, o tenente é o líder do regimento onde Gump está lotado no Vietnã. Mas no livro a perspectiva de Dan sobre a guerra e vida era diferente:

A filosofia do Dan era de que tudo que acontecia com a gente, aliás, qualquer coisa em qualquer lugar, é controlado por leis naturais. O ponto de vista dele sobre esse assunto era extremamente complicado, mas a essência do que ele falou começou a mudar o meu jeito de ver as coisas (p.73)

O que não distingue o livro e o filme são o humor leve e um tanto pueril, as críticas políticas e a sagacidade do protagonista de se reinventar em cada ato. Mas, como já discutido extensamente neste blog, o livro é mais rico em detalhes. O texto de Winston Groom traz fatos curiosos sobre Gump como a vez em que ele salvou a vida do líder Mao Tsé-Tung. Gump fazia parte de uma comitiva que foi participar de um campeonato de ping pong na China. Em uma das tarefas oficiais do evento, eles se encontram com o chefe do governo chinês. Gump teve que salvar o Mao durante um afogamento.

Em outro caso improvável, Gump torna-se astronauta. Ele é lançado ao espaço com um macaco e a major Fitch. No retorno à Terra, eles são obrigados a fazer um pouso forçado na África. O grupo fica durante um tempo vivendo em uma tribo isolada. Mais a frente, Gump descobre que eles estão sendo preparados para serem devorados e precisam fugir.

Forrest Gump é a história de um herói improvável. Apesar dele se julgar pouco inteligente, sua trajetória mostra o contrário. Se lhe faltava habilidades em áreas básicas, soube bem aproveitar as oportunidades onde se destacava.

Eu posso ser idiota, mas de qualquer forma, na maior parte do tempo, eu tentei fazer a coisa certa (p.252)

Avaliação de Forrest Gump

O livro de Winston tem nota 4 no Good Reads. No Skoob, a avaliação é de 4,2. Na minha opinião, a obra merece 4,5.

Ficha técnica

Forrest Gump

Autor: Winston Groom

Tradução: Aline Storto Pereira

Editora: Aleph

p.252

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