Silvio tinha tudo para ser um grande filme. O personagem é único. Gerações e gerações de brasileiros cresceram diante da TV assistindo ao programa Silvio Santos. Uma parte significativa da cultura dos anos 80 e 90, no Brasil, foi moldada pelos programas infantis, de auditório e pelas novelas do SBT.
O filme ainda teve um timing inesperado. O personagem biografado faleceu próximo à data de estreia do longa. A cobertura da morte de Silvio Santos repercutiu na imprensa brasileira, que veiculou material especial, vídeos de arquivo e fez a cobertura do enterro.
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Mas, se Silvio Santos foi um sujeito singular na televisão, o filme parece uma caricatura. Rodrigo Faro, que dá vida ao protagonista, não atua; ele tenta imitar Silvio. Maquiagem e figurino reforçam a artificialidade.
A tentativa de imitar o personagem biografado, muitas vezes, dá bastante errado quando o ator escalado para o papel não encaixa no personagem. Ashton Kutcher viveu o empresário Steve Jobs no cinema. Ele repete o jeito de caminhar, gesticular e força a maneira de falar. No fim, é uma paródia. Em outro filme, Michael Fassbender também interpretou Jobs. A caracterização visual foi mais discreta. Já a representação do comportamento é uma cópia suave de Jobs, sem exagerar nos trejeitos. Nesse caso, deu certo.
Novamente falando de Silvio, o elenco não é ruim. Há boas atuações. Uma delas é do ator Johnnas Oliva. Ele interpreta Fernando, o homem que sequestrou o apresentador. Johnnas domina as cenas. A diferença na qualidade da interpretação entre ele e o protagonista é absurda.
O filme conta a vida de Silvio a partir do episódio do sequestro, que ocorreu em 2001. Enquanto está sob a mira do revólver de Fernando, o apresentador relembra como vivia no Rio de Janeiro com a família, de quando se tornou locutor, ingressou na televisão e conseguiu a concessão do SBT. A personalidade do protagonista, desenhada nos flashbacks, reduz a tensão do crime do qual Silvio é vítima.
O filme omite polêmicas em torno do apresentador e reforça o mito do artista empreendedor que permeou toda a vida de Silvio Santos. A relação com a filha mais velha, que tem um certo nível de conflito, é um dos poucos elementos que escapam à narrativa usual sobre a figura pública de Silvio.
Avaliação de Silvio
Silvio tem média de avaliação 2,1 de 5 no Adoro Cinema. O G1 destaca o esforço do roteiro em escapar da fórmula das cinebiografias e fazer um costura da história do personagem. “No fim, quem acha que pelo menos vai sair do filme sabendo mais sobre a vida de Silvio há de se decepcionar”, afirma a crítica.