O capitão [crítica/resenha]

O capitão filme - resenha, crítica, avaliação

Com o fim da Segunda Guerra Mundial se aproximando, um soldado que desertou do exército alemão rouba a farda de um capitão. Antes disso, seu destino seria ir para uma trincheira qualquer lutar até a morte contra os aliados. No entanto, ao assumir uma nova identidade, ele pode andar no sentido oposto ao conflito, e ainda contar com ajuda dos militares de patentes inferiores para o que precisar.

Com direção de Robert Schwentke, O capitão é um filme que demonstra como o poder revela o lado violento, sádico e agressivo de um ser humano. O soldado Willi Herold, que assumiu a identidade do oficial, no início do filme, parece desesperado. Ainda que esteja lutando pela vida, ele pode ser visto como alguém que teve o triste destino de ter sido enviado para o front em uma batalha perdida.

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Mas ele não é ingênuo. Ao ter a chance de se apropriar de uma farda de oficial, Herold sabia exatamente o que fazia. Por um momento, acreditamos que seus atos violentos servem apenas para mascarar sua falsa identidade e evitar ser descoberto. Mas, à medida que avança para o interior, Herold demonstra satisfação em matar e saquear.

O filme é baseado em uma história real. Willi Herold nasceu em 11 de setembro de 1925, em Lunzenau, na Saxônia, Alemanha. Aos 18 anos, serviu como cabo no 3º Regimento de Paraquedistas. Contudo, com o avanço das forças Aliadas e o caos crescente na Alemanha nos últimos meses do conflito, desertou.

O Museu do Holocausto registra que em abril de 1945, enquanto vagava pela Alemanha devastada pela guerra, Herold encontrou um uniforme de capitão da Luftwaffe abandonado em um carro oficial. Decidido a usurpar autoridade, apresentou-se como oficial e reuniu soldados desertores, que o reconheceram como líder. Aproveitando-se do poder simbólico do uniforme, Herold cometeu crimes terríveis, incluindo o massacre de mais de 100 prisioneiros no campo de Aschendorfermoor. Após o fim da guerra, foi capturado pelas forças britânicas, julgado por crimes de guerra e condenado à morte. Em 14 de novembro de 1946, aos 21 anos, foi executado por guilhotina em Oldenburg.

Foto original de Willi Herold fingindo ser um oficial

O capitão está em preto e branco. A opção do diretor reforça o caráter histórico da obra e, também, eleva a dramaticidade. Em uma das cenas emblemáticas, quando um conflito entre os próprios soldados alemães acontece dentro do campo de concentração, a bebedeira entre os militares já anuncia o caos que vem logo em seguida. Eles fazem um jantar bizarro que ressalta o caráter de loucura e bestialidade que viviam aqueles homens.

Avaliação de O capitão

O capitão tem nota 7,3 de 10 no IMDB. No Metacritic, a média de avaliação da imprensa especializada é 68 de 100. O The Guardian afirmou que “a beleza gritante da cinematografia em preto e branco de Florian Ballhaus e do enquadramento pictórico não consegue esconder a feiura que se desenrola à medida que o número de mortos aumenta e Herold começa a acreditar em sua própria criação grotesca”.

O capitão é mais um filme a escancarar os horrores da guerra. Ele me lembrou muito as pesquisas de Stanley Milgram. O cientista analisou quais são os meandros da obediência. Milgram queria entender a razão de homens intelectualizados não terem se oposto ao nazismo. Para ele, todas as pessoas têm uma porção de agressividade dentro de si. Ao estar em uma posição de poder diante de outro ser humano, aquilo que é ruim e bestial do ser humano vem à tona.

A minha nota para o filme é 4 de 5.

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