O curioso caso de Benjamin Button [resenha]

Capa do livro O curioso caso de Benjamin Button

Uma das obras mais importantes e populares de F. Scott Fitzgerald relata o caso de Benjamin Button, um homem que nasceu velho e fica com a aparência mais jovem a cada dia.

De forma misteriosa, uma criança nasce com a aparência de um velho. O caso nunca antes registrado é motivo de preocupação entre médicos e enfermeiros no hospital e também para os pais do menino.

A história é do livro O Curioso Caso de Benjamin Button, escrito por F. Scott Fitzgerald, em 1922. É bem provável que você conheça a versão do filme dirigido por David Fincher e que tem Brad Pitt como protagonista.

Oitenta e seis anos de diferença. Esse é o tempo que Hollywood levou para fazer uma versão da história de Fitzgerald. No entanto, o livro e o filme não têm absolutamente nada a ver. E isso não é exagero.

A primeira diferença é que Button, na versão original, cresce com a sua família. Já no filme, ele é abandonado em um asilo. O lugar seria perfeito para uma criança enrugada e de cabelos brancos. Não haveria como diferenciar entre ele e os moradores do lugar.

Outra mudança importante é que, no filme, Button conhece uma garota ainda criança, mas como a aparência deles é diferente, eles não podem conviver sequer como amigos. A personagem é Daisy, interpretada por Cate Blanchet. É com ela que Button passa a viver um amor platônico até que em uma fase da vida eles aparentam ter a mesma idade e vivem como casal. No livro, o protagonista se casa, mas por razões opostas. A garota tem por volta de 20 anos e quer um marido que seja mais maduro. Como ele tem a fisionomia de um homem de 60 anos, torna-se o candidato ideal.

Imagem do filme O curioso caso de Benjamin Button. O protagonista é interpretado pelo ator Brad Pitt

Se no filme, Button é alguém um tanto desgarrado do mundo. No livro, o centro da vida dele é os Estados Unidos do final do século XIX, mais especificamente em Baltimore, onde a família tem sua casa e negócios. O fato de ter tido um nascimento incomum o obriga a lidar com situações como a entrada na universidade e o relacionamento com parentes e amigos.

O tempo e a vida

Na obra de Fitzgerald, a principal reflexão é o fato inevitável de sermos moradores do momento presente e vítimas do futuro que chega a cada segundo. A correnteza do tempo permite a realização de vontades, desejos e sonhos e com força semelhante demole aos poucos o que parecia estável.

Como nasce velho – e no livro ele fala e conversa desde a maternidade -, Button tem um relógio da vida particular, o que não o impede de passar por momentos de alegrias, sofrimentos, vitórias e perdas como qualquer ser humano.

O autor

Fitzgerald é reconhecido como um dos grandes autores americanos. Talvez, o maior da sua época. Ele é sempre apontado como alguém que soube levar para a literatura o modo de vida americano e seus exageros que marcaram o final do século XIX até meados dos anos 1920. Fitzgerald teve uma vida curta. Morreu aos 44 anos. É autor de O Grande Gatsby, sua maior obra. Teve momentos difíceis ao longo da vida, como a internação da esposa por problemas psiquiátricos.

A edição

O livro que eu li foi publicado pela editora Antofágica. A tradução é de Débora Fleck e Marina Serpa. Aqui vale uma menção ao projeto gráfico da editora com uma obra em capa dura e as artes de Júlia Jabur, que mostram Benjamin Button em onze distintas fases, desde velho até uma criança, na contagem invertida dos anos.

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O Curioso Caso de Benjamin Button

F. Scott Fitzgerald

Editora Antofágica, 2022, p.172

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