David Cooperfield, de Charles Dickens [resenha]

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Charles Dickens é um dos meus autores favoritos. Antes de David Cooperfield, eu já havia lido Um conto de natal, Oliver Twist e Um conto de duas cidades. Os personagens de Dickens sempre me fascinaram por expressarem aspectos muito humanos em meio a uma batalha para sobreviverem ou se tornarem melhores.

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Dickens também é mestre em construir narrativas que criticam a hipocrisia da elite britânica, que explora trabalhadores nas fábricas, no campo e no serviço doméstico. Em todas as obras que conheço desse autor, ele mostra as precárias condições de crianças e velhos.

O livro David Cooperfield tem elementos clássicos do autor como a denúncia das adversidades impostas por um sistema social rígido e estratificado. O livro foi publicado em 1850. A obra é considerada semibiográfica por conter diversos elementos da própria história do autor.

Resumidamente, David Cooperfield conta a história de um garoto que é órfão de pai e vive com a mãe e uma empregada em uma antiga fazenda. A mãe de Cooperfield se casa novamente quando ele ainda é criança, mas o padastro vê o menino como um estorvo. O jovem passa a ser agredido pelo “novo pai”. Depois de uma briga, ele é encaminhado a um colégio interno.

Nesse ínterim, a mãe de David fica grávida, mas ela e a criança morrem durante o parto. Esta é a maior e pior tragédia que ele enfrenta. Sem querer assumir responsabilidades pelo menino, o padrasto envia David para trabalhar em uma fábrica de garrafas de vidro. A partir daí, vemos durante várias páginas, a angústia de um menino de aproximadamente 10 anos que trabalha como adulto em um subemprego, precisa viver sozinho em uma grande cidade e não tem apoio de familiares.

O destino de David só começa a mudar quando ele decide procurar a irmã de seu pai, a senhorita Betsey Trutwood. Mesmo sendo uma mulher um pouco reclusa, ela acolhe o menino e dá condições para ele estudar. O gesto de receber e cuidar o menino é o que transforma a vida dele. Somente pelo trabalho e o esforço nas fáricas, ele não iria ascender socialmente. O mais importante foi encontrar alguém que acreditasse nele.

Avaliação de David Cooperfield

David Cooperfield é um livro que tem aproximadamente mil páginas dependendo da edição. Quando decidi fazer a leitura, encarei como uma dessas metas que fazemos ao iniciar um novo ano. Pensei que seria uma leitura longa, díficil e dolorosa. Mas senti outra sensação. O texto é fluido e agradável. Ao mostrar a exploração de crianças e velhos, é impossível não ficar indignado diante daquela sociedade industrial que se apresenta como evoluída, mas carece de fraternidade com os mais vulneráveis.

David Cooperfield tem nota 4,4 de 5 no Skoob. No Good Reads, os leitores indicaram nota 4.03. Penso que essas pontuações não refletem a qualidade do livro. Na minha opinião, a nota deveria ser 5 de 5.

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David Cooperfield

Autor: Charles Dickens

Tradução: José Rubens Siqueira

Editora: Cosac e Naify

(1319 páginas)


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