O Coronel Chabert, escrito por Honoré de Balzac, é uma das obras-primas da literatura francesa do século XIX. Publicado pela primeira vez em 1832 como parte da série “A Comédia Humana”, a trama gira em torno do protagonista, o coronel Hyacinthe Chabert, que é dado como morto na Batalha de Eylau durante as Guerras Napoleônicas. No entanto, Chabert sobrevive, mas fica gravemente ferido e desfigurado. Após anos de reabilitação, ele retorna a Paris e descobre que sua esposa estava casada com um homem influente.
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No início do romance, a baronesa Rosine de Chabert é apresentada como uma viúva rica e influente que vive um período de luto, e se desprende do marido após um novo matrimônio. Ela representa a aristocracia francesa e a desconexão entre as classes sociais, além da prevalência dos valores materiais sobre os laços emocionais.
Na história, Chabert recupera a sua identidade, fortuna e status social. O romance explora temas como a decadência da aristocracia, a luta pela justiça, e as complexidades dos relacionamentos humanos. O autor ainda questiona as transformações da sociedade francesa pós-revolução.
O Coronel Chabert é considerado um romance realista devido à sua crítica à sociedade francesa. Esse gênero é caracterizado pela observação, análise e, consequentemente, representação da realidade. Ao fazer um retrato de um grupo em particular, a obra usa elementos ficcionais para abordar problemas sociais, políticos e econômicos e a relação desses aspectos com o comportamento humano.
O romance de Balzac culmina com a luta infrutífera de Coronel Chabert em obter reconhecimento da esposa e da sua dificuldade em se recolocar no novo mundo depois de Napoleão.
Sobre o autor
Honoré de Balzac (1799-1850) nasceu em Tours, na França. Reconhecido como um dos principais expoentes do movimento literário realista, Balzac é autor de “A Comédia Humana”, uma série de mais de noventa romances e contos que retratam a sociedade francesa durante a Restauração e o reinado de Luís Filipe. Sua forma de escrita crítica estabeleceu um padrão para tratar sobre questões cotidianas e das complexidades humanas.
Balzac foi casado com Ewelina Hańska, uma polonesa aristocrata, com quem manteve um longo relacionamento à distância antes de se casarem em 1850. Ewelina era viúva e possuía propriedades consideráveis, o que contribuiu para o conforto financeiro de Balzac em seus últimos dias. O casal não teve filhos juntos. Quanto à educação, Balzac estudou no Collège de Vendôme e no Liceu de Tours, mas não concluiu seus estudos acadêmicos. O autor morreu em 18 de agosto de 1850, em Paris, aos 51 anos.
Balzaquiana
No Brasil é comum a expressão balzaquiana. O adjetivo começou a ser usado por volta da década de 1940 para se referir a mulheres experientes. Seu uso surgiu graças a obra Mulher de 30 anos, de Balzac. A palavra tornou-se bastante popular pelo seu uso em uma marcha de carnaval: “Não quero broto,/ não quero, não quero, não./ Não sou garoto pra viver na ilusão./ Sete dias na semana,/ eu preciso ver minha balzaquiana.”Conforme a Folha de São Paulo, a palavra balzaquiana foi “exportada” para França depois da passagem da atriz Brigitte Bardot pelo Rio de Janeiro. A imprensa estrangeira que acompanhava a atriz achou curioso o uso do termo de modo tão popular.
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O Coronel Chabert
Autor: Honoré de Balzac
Tradução: Eduardo Brandão
Editora: Penguin e Companhia das Letras
(83 páginas)
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