A partir de 2018, comecei a acompanhar pelos jornais e sites especializados em investimentos sobre o caso da Theranos, uma empresa de biotecnologia que prometia revolucionar os exames clínicos. A premissa do negócio era inspiradora: permitir exames de sangue em equipamentos compactos. Com isso, os custos dos testes seriam menores, a quantidade de sangue usada reduziria e qualquer pessoa poderia acompanhar com regularidade a própria saúde. Para o americano que não tem um serviço de saúde gratuito e que até o socorro de uma ambulância é cobrado, a proposta da Theranos soava como algo revolucionário.
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A fundadora e CEO da empresa era Elizabeth Holmes. Na imprensa, ela era classificada como a “versão feminina de Steve Jobs”. Sua história caminhava para ser um dos grandes contos de fada do vale do silício. Jovem prodígio de família privilegiada, ela começou a estudar em Standford e depois abandonou a faculdade, pegou dinheiro com os pais e abriu a Theranos. Em pouco tempo, o negócio já valia quase 10 bilhões de dólares e sentados ao lado dela na direção do negócio estavam figuras como George Shultz, ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos, e Henry Kissinger, ex-secretário de Estado no governo Richard Nixon.
Resumindo a história, Elizabeth Holmes captou milhões de dólares no mercado. Fez também parceria com grandes empresas americanas como a Walgreens. Entretanto, tudo era uma farsa. O equipamento não funcionava adequadamente. Os testes tinham grande margem de imprecisão e poderiam levar a resultados errados. A história parou na imprensa e depois de uma fiscalização a empresa teve o laboratório fechado. Condenada por fraude, Holmes viu a farsa que montou desaparecer e passou a ser vista como uma grande mentirosa.
Série do Starplus
Desde 2019, há rumores de que um filme sobre a história da Elizabeth Holmes estaria sendo produzido. No papel da CEO estaria a atriz Jeniffer Lawrence. Recentemente, descobri quase que por acaso que a Starplus tem uma série chamada Dropout sobre Holmes e a Theranos. A jovem empresária é vivida por Amanda Seyfried, atriz de filmes como o Preço da Traição e Mamma Mia.
A série do Starplus é uma boa opção para ver materializado na tela o que foi publicado nos relatos da imprensa na época. A performance de Seyfried é progressiva. Aos poucos, vemos a transformação da personagem de uma idealista sonhadora em alguém com impulso maníaco em enganar. O elenco ainda tem nomes como Wiliam H. Macy que interpreta o cientista Richard Fuisz, a principal voz antangônica a Theranos. O casting tem ainda Sam Waterson, que tem grandes papeis no cinema como Sydney Schanberg em Os Gritos do Silêncio. Waterson empresta sua competência cênica para viver George Shultz.
Dropout tem oito episódios. Eles têm em média 50 a 60 minutos de duração cada. Não sei se em razão do meu interesse na história, mas não achei o conteúdo enfadonho. Normalmente, séries com episódios extensos me cansam muito. Mas só para se ter uma ideia sobre Dropout, eu assistia à noite dois ou três episódios por vez. Quando terminei o último, poderia muito bem ter visto outros materiais como conteúdo extra ou coisas do tipo.
Avaliação de Dropout
A série Dropout tem nota 7,5 de 10 no IMDB. No Metacritic, a média é semelhante, 75 de 100. Carolina Framke, da Variety, escreveu sobre Amanda Seyfreid que: “Sua performance torna fácil ver como a garota que dança em seu quarto de infância enquanto fixa os olhos em seu pôster de Steve Jobs se torna a mulher que rouba milhões dos homens mais poderosos do mundo, vendendo-lhes sua visão com um zelo que só pode ser descrito como religioso em sua intensidade”.
Ficha técnica
The Dropout
Produção: Hulu
Disponível: Starplus
8 episódios
Amanda Seyfried – Elizabeth Holmes
Naveen Andrews – Sunny Balwani
Michel Gill – Chris Holmes
William H. Macy – Richard Fuisz
Sam Waterston – George Shultz
Stephen Fry – Ian Gibbons
Dylan Minnette – Tyler Shultz
Camryn Mi-young Kim – Erika Cheung
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