O Sol é para todos, de Harper Lee [resenha]

O Sol é para todos, de Harper Lee, é um dos grandes clássicos da literatura americana do século XX. Vencedor do Prêmio Pulitzer de Literatura, a obra narra a vida em Maycomb, cidadezinha no interior dos Estados Unidos, e dos membros da família Finch. A história é contada do ponto de vista da menina Jean Louise, de 9 anos. Basicamente, as cem primeiras páginas é um relato da infância dela com o irmão, o amigo Dill, a vida em casa e na escola, os vizinhos e conhecidos.

Scout, como a menina é chamada pelos familiares, fica curiosa em saber como é o vizinho que nunca sai de casa. Ela e o irmão passam a elaborar maneiras de vê-lo. Pequenos incidentes começam a ocorrer nessa aventura. Os problemas mudam quando o pai dela, Atticus Finch, é nomeado para defender Tom Robinson, um homem negro acusado de estupro.

A família Finch, que sempre fez parte da vida em Maycomb, passa a ser mal vista por parte significativa da comunidade. As discriminações racistas que eram ditas contra Tom Robinson e seus parentes também alcança a casa dos Finch. O preconceito torna-se nítido quando Scout e o irmão ouvem um colega de sala dizer que o pai deles era “admirador de pretos”. Valente e, muitas vezes, bringuenta Scout tenta dar o troco mas é impedida e orientada pelos próprios familiares.

Como Scout só tem nove anos, Atticus tem que explicar a ela porque as pessoas negras são tratadas daquela maneira e também a razão da sociedade em Maycomb reagir de modo violento contra a família Finch. A decisão de Harper Lee de colocar Scout como narradora da história é brilhante porque o leitor está no mesmo ponto de vista da menina de nove anos no aprendizado sobre preconceito. A obra colabora para promover um letramento racial da jovem personagem que ainda não entende devido à pouca idade, mas abre espaço para aqueles que acompanham a narrativa revisem sua opinião a respeito da comunidade negra.

Sem sombra de dúvida, a parte mais interessante do livro é o julgamento do acusado. O leitor pode acompanhar o depoimento do xerife, da vítima e das testemunhas do caso, mas a história não termina imediatamente após o veredito. A família Finch é alvo de um atentado justamente por defender, no tribunal, aquele homem negro. Quem sofre esse golpe são os filhos de Atticus.

O livro é ambientado na década de 1930. Por isso, vemos na trama os efeitos da grande depressão econômica, a forte segregação racial e um sistema de justiça que diferencia pessoas brancas e negras.

Avaliação de O Sol é para Todos

O Sol é para todos tem avaliação 4,26 de 5 no Good Reads. Já no Skoob, a nota é 4,6. Na minha opinião, o livro merece 5. No início, o texto pode ser um pouco lento, mas a história cresce à medida que a gente entende a vida em Maycomb, a visão de mundo daquelas pessoas e como Scout lida com tudo isso. A obra fica ainda melhor durante o julgamento e como Atticus trabalha para desmontar a tese da parte acusadora. No final, um herói improvável surge para salvar os filhos do doutor Finch.

O livro foi publicado pela editora José Olympio e tem 349 páginas. Eu demorei cerca de sete dias para fazer a leitura.


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