Oppenheimer: o filme que já nasceu como clássico [crítica]

Oppenheimer - resenha, crítica e sinopse

O físico americano J. Robert Oppenheimer tornou-se conhecido por seu papel no Projeto Manhattan durante a Segunda Guerra Mundial. Nesse trabalho, ele foi o responsável por liderar a equipe que desenvolveu a primeira bomba atômica. Após a guerra, Oppenheimer virou um defensor do controle internacional de armas nucleares, embora tenha sido alvo de investigações devido a suas opiniões políticas. Sua vida e carreira refletem os complexos dilemas éticos e morais associados ao avanço da ciência e à responsabilidade social dos cientistas.

Leia também: Mestres do Ar: crítica da minissérie série da AppleTV

Depois de uma série de investigações para avaliar sua relação com entidades comunistas, a credibilidade de Oppenheimer foi comprometida. De grande herói americano, ele passou a ser encarado com desconfiança.

Na cinebiografia que leva seu nome, a história acadêmica e profissional de Oppenheimer é revisitada. O filme segue três linhas do tempo que mostram como foi o desenvolvimento da bomba atômica, a investigação que sofreu e as contradições éticas e morais que enfrentava no trabalho. A obra é dirigida por ninguém menos que Christopher Nolan. Aclamado por “Batman: O Cavaleiro das Trevas”, “A Origem”, “Dunkirk” e o sensacional “Interestelar”, Nolan conseguiu fazer de Oppenheimer um excelente filme para ser apreciado.

Um erro comum das cinebiografias é quando elas se tornam discursos panfletários ou quase um filme documental. Nolan produziu em “Oppenheimer” uma intrincada narrativa que conta os dilemas que o personagem enfrentou, enquanto usa elementos subjetivos da linguagem cinematográfica para fazer a história ser palatável ao grande público. Em uma das cenas do depoimento, por exemplo, Oppenheimer aparece dentro da sala fazendo sexo com uma mulher, como se fosse um flash da angústia que viveu. A mulher era Jean Tatlock; a jovem foi sua amante durante décadas. Ela era integrante do Partido Comunista. Classificada como o grande amor de Oppenheimer, o envolvimento levantou suspeitas dos investigadores americanos sobre a lealdade do cientista aos Estados Unidos.

A influência de Tatlock sobre Oppenheimer era real. O primeiro teste da bomba atômica foi nomeado como Trinity, porque era o título de um poema de John Donne. Foi Tatlock quem apresentou ao cientista a obra de Donne. Posteriormente, ele declarou a razão de ter escolhido esse nome: “Há um poema de John Donne, escrito pouco antes de sua morte, que eu conheço e amo. Dele tiro uma citação: ‘Assim como o Ocidente e o Oriente em todos os mapas são um só, assim a Morte toca a Ressurreição'”.

Nolan conseguiu colocar no filme uma estrutura narrativa sem sobressaltos. Muitas vezes, em uma cinebiografia, a primeira e a segunda parte da obra são boas. Depois, quando o personagem já está suficientemente desenvolvido, vem uma fase de declínio da história. Nolan montou o filme como um quebra-cabeça que somente se resolveu ao final. E a última peça é simples, mas potente o suficiente para amarrar o espectador na cadeira por três horas.

O elenco conta com grandes nomes. O principal deles é Cillian Murphy, que vive o protagonista. A geração TikTok o conhece graças aos memes da série “Peaky Blinders”. Mas ele é muito mais do que isso. Ele esteve em grandes produções, sempre com uma atuação digna de todos os bons adjetivos, como “Dunkirk”, “Batman”, “A Origem” e “Um Lugar Silencioso”. “Oppenheimer” deu a Murphy o seu primeiro Oscar.

“Oppenheimer” ainda conta com Emily Blunt, atriz que trabalhou em “O Diabo Veste Prada”, “No Limite do Amanhã” e “Mary Poppins”. Blunt interpreta a esposa do protagonista, Kitty. Robert Downey Jr. também está no filme de Nolan vivendo o algoz de Oppenheimer, o Dr. Lewis Strauss. Famoso por seu papel em “Homem de Ferro”, da Marvel, o filme de Nolan garantiu a Downey Jr. o Oscar de Ator Coadjuvante. Há uma produção de maquiagem, figurino e efeitos que transformaram completamente a imagem para que ele se parecesse com Strauss. Entretanto, não vejo tanta qualidade assim na atuação. Acho que outro nome seria mais interessante, como Robert Redford ou Donald Sutherland. Este último seria o meu favorito.

Avaliação de Oppenheimer

“Oppenheimer” recebeu nota 8,3 de 10 no IMDb. Entre os usuários do Rotten Tomatoes, a avaliação é de 91%. No Metacritic, a nota média da imprensa especializada foi 90 de 100. O ABC News afirmou que: “Christopher Nolan merece todos os superlativos por sua brilhante visão de J. Robert Oppenheimer (um Cillian Murphy impecável), o cavaleiro das trevas da era atômica”. A minha nota é 5 de 5. Sou fã de Nolan há muito tempo. Ele cria narrativas com muita habilidade e inteligência. Com “Oppenheimer”, o diretor, mais uma vez, demonstrou porque é um dos grandes nomes do cinema da atualidade.

Oppenheimer (Cillian Myrphy) ao lado da amante Jean Tatlock (Florence Pugh)

Onde assistir a Oppenheimer?

“Oppenheimer” está disponível no Prime Video, serviço de streaming da Amazon.

Elenco de Oppenheimer

Cillian Murphy – J. Robert Oppenheimer
Emily Blunt – Kitty Oppenheimer
Robert Downey Jr.
Alden Ehrenreich – assessor do Senado
Scott Grimes – Advogado
Jason Clarke – Roger Robb
Kurt Koehler – Thomas Morgan
Tony Goldwyn – Gordon Gray
John Gowans – Ward Evans
Macon Blair – Lloyd Garrison
James D’Arcy – Patrick Blackett
Kenneth Branagh – Niels Bohr
Harry Groener – Senador McGee
Gregory Jbara – Presidente Magnuson
Ted King – Senador Bartlett
Tim DeKay – Senador Pastore
Steven Houska – Senador Scott
Tom Conti-Albert Einstein
David Krumholtz – Isidor Rabi
Petrie Willink – estudante holandês
Matthias Schweighöfer – Werner Heisenberg
Josh Hartnett-Ernest Lawrence
Alex Wolff – Luis Álvarez
Josh Zuckerman – Rossi Lomanitz
Rory Keane – Hartland Snyder
Michael Angarano – Robert Serber
Dylan Arnold-Frank Oppenheimer
Emma Dumont – Jackie Oppenheimer
Florence Pugh-Jean Tatlock
Sadie Stratton – Mary Washburn
Jefferson Hall – Haakon Chevalier
Britt Kyle – Barbara Chevalier
Guy Burnet-George Eltenton
Tom Jenkins – Richard Tolman

Veja: resenhas e críticas literárias