Ripley: como é a série da Netflix? [crítica]

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Ripley é uma série da Netflix baseada no livro O Talentoso Ripley, de Patricia Highsmith. No Brasil, a obra é publicada pela editora Companhia das Letras. A história já havia sido adaptada para o cinema em 1999. O protagonista, na época, era interpretado por Matt Damon. A versão recebeu elogios da crítica e possui uma classificação de 7,5 no IMDB.

A produção da Netflix, entretanto, é mais interessante. Distante daquela estrutura de narrativa em que tudo tem que ser muito rápido para ser digerido fácil, a série tem cenas que lembram as marcas do estilo noir – planos abertos, sequências com poucos diálogos e uma trama policial que se desenrola passo a passo.

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Para quem não conhece, Ripley conta a história do jovem Thomas Ripley, um trapaceiro de Nova York que é especialista em fraude e estelionato. Ele recebe a missão de ir até a Itália para convencer o playboy milionário Richard Greenleaf a voltar para casa. Ripley fica deslumbrado pela vida que o rapaz leva ao lado da namorada, na cidade italiana de Atrani.

Tom, como é conhecido, arma um plano para matar Richard e tomar o seu lugar. Mas a trama fica mais complexa quando Tom precisa cometer um segundo assassinato e matar um amigo de Richard que quase o descobre.

A história se passa na Itália na década de 1960, mais especificamente na Costa Amalfitana. No papel de Ripley, desta vez, está Andrew Scott. Sua interpretação constrói o personagem como alguém que parece uma mistura de narcisista com psicopata. Poucas vezes ri. Volta e meia, ele ensaia como vai falar para enganar as outras pessoas. Não demonstra remorso ou culpa pelos crimes que comete. As únicas expressões são de satisfação quando consegue aplicar um golpe ou de nojo ao se deparar com o que não lhe agrada.

Parte considerável dos diálogos é em italiano, o que torna a série ainda mais interessante. Ela tem um clima noir por combinar as cenas em preto e branco com cenários luxuosos e elegantes. Há também o trabalho de investigação da polícia. A opção do diretor em gravar dessa forma não é apenas uma conveniência estética. Ele faz o público mergulhar na mente de Ripley. Nas cenas de assassinato, por exemplo, vemos ele matando o amigo americano com o remo de um barco e fazendo todo o trabalho, de forma lenta e morosa, para se desfazer do corpo.

Para alguns Ripley, pode ser cansativa pela extensão das cenas. O espectador que busca filmes policiais com corridas de carros desenfreadas talvez não vai gostar. Mas a Netflix acertou (e muito) com essa versão da obra de Patricia Highsmith. Além de Andrew Scott, o elenco tem Dakota Fenning, que interpreta Marge Sherwood, a namorada de Richard. Ela já esteve em filmes como Guerra dos Mundos (2005), Era uma vez em Hollywood (2019) e Raízes do Amor (2019).

Outro destaque é Eliot Summer. Ele poderia ser creditado como o filho do Sting, mas faz um papel deslumbrante como Freddie Miles, o amigo britânico de Richard Greenleaf, que é a segunda vítima de Tom Ripley. Na versão do cinema, o personagem foi interpretado por Philip Seymour Hoffman. É a partir da morte de Freddie Miles que a polícia começa a investigar Ripley, que tinha assumido a identidade de Richard e desfrutava da riqueza do amigo.

A criação da série é de Steven Zaillian, que fez o roteiro de O Irlandês (2019) e Os Homens que não amavam as mulheres (2011). Por esse currículo, já podemos supor que Ripley tem tudo para ser considerada como uma grande produção. A Netflix fez um investimento de 130 milhões de dólares. Classificada como minissérie, porque não deve ter outra temporada, Ripley ocupa há algumas semanas o posto no top 10 de conteúdos mais vistos da plataforma.

Avaliação de Ripley da Netflix

Ripley tem nota 8,1 de 10 de IMDB. No Metacritic, a série alcançou 75 de 100 de avaliação pela imprensa especializada. No Rotten Tomatoes, o índice de satisfação é de 84%. O Playlista afirmou que o “preto e branco pode fazer ‘Ripley’ parecer mais frio visto de fora, mas na verdade é apenas mais envolvente cinematograficamente, mergulhando você desconfortavelmente perto de uma psique que parece irritantemente instável”. O IndieWire disse que “a narrativa de Zaillian pode não parecer tão intensamente viva quanto a de Minghella, mas a disposição fria que ele traz à brutalidade cínica e egoísta de Ripley – tudo para que ele possa levar uma vida vazia que só parece rica”.

Na minha opinião, Ripley, da Netflix, tem nota 5 de 5. É uma série com um excelente elenco e que faz jus ao livro de Highsmith. A obra tem produção e edição muito superior ao filme de 1999.

Elenco Ripley

André Scott-Tom Ripley
Dakota Fanning-Marge Sherwood
Johnny Flynn – Dickie Folha Verde
Marguerita Comprar – Signora Buffi
Vittorio Viviani – Matteo
Francesca Romana Bérgamo – Ermelinda

Eliot Summer, como Fredie Milles, em Ripley, da Netflix.

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