Algo muito criticado em determinadas culturas é a escolha do parceiro conjugal pelos pais. Imagine então fazer parte de uma comunidade digital em que o líder teria um suposto poder de indicar quem é a sua alma gêmea. E não só isso. Ele chega a determinar, em certas situações, qual a identidade de gênero os integrantes devem seguir. A história, que poderia ser um conto distópico no estilo Philip K. Dick, é verdadeira e ocorreu nos Estados Unidos.
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O Twin Flames Universe é um culto criado pelo casal Jeff e Shaleia Divine. Seu surgimento foi como um grupo de ajuda para casais e, em especial, mulheres. Na série documental Fugindo do Twin Flames, a diretora Cecilia Peck mostra como Jeff Divine, até então um jovem que tentava explorar as possibilidades do marketing e das ferramentas digitais, tornou-se um proeminente guru com milhares de seguidores. Suas plataformas de popularização foram o Facebook, YouTube e Instagram. A promessa que ele fazia era de orientar homens e mulheres a um casamento feliz.
Além do aspecto místico, há um elemento muito terreno nessa história. Os integrantes do Twin Flames eram estimulados a participar de cursos criados pelo casal dirigente. Segundo o documentário, a formação poderia custar entre três e quatro mil dólares. Com isso, Jeff e Shaleia decidiram tornar o Twin Flames uma entidade religiosa para evitar o pagamento de impostos.
O documentário mostra também como os relacionamentos determinados por Jeff resultaram em algo perigoso para as mulheres. Um dos casos é de Marlee Griffin. Ela conheceu o Twin Flames a partir da irmã mais velha, que já era integrante. Ela foi orientada que um homem de Utah, 11 anos, mais velho do que ela, seria a sua chama gêmea. Então, Marlee abandonou os estudos, mudou-se de cidade e casou-se. A garota viveu uma relação abusiva em que era humilhada regularmente. O marido tinha problemas com drogas e foi preso em uma ocasião. Mas era difícil deixar aquela situação porque seria contradizer as orientações de Jeff e Shaleia.
O Twin Flames sustentava a ideia de que a relação deveria existir a qualquer custo e que, no momento certo, as coisas iriam ficar bem. As integrantes também eram orientadas a ir em busca dos homens indicados pelos dirigentes. O que significava, muitas vezes, perseguir ou stalkear outras pessoas. O documentário apresenta o relato de uma jovem teve ordem de restrição contra ela e foi até presa por insistir em um relacionamento com um homem que foi apontado como sua chama gêmea.
Um caso bizarro foi do casal Anne e Catrina, que já viviam juntas há alguns anos. Entretanto, os gurus do Twin Flames começaram a pressionar a primeira a fazer uma transição de gênero, já que a crença era de que toda relação deveria haver uma figura com a energia masculina e outra com uma energia feminina. Ou seja, uma relação lésbica não seria admissível.
Onde assistir Escapando do Twin Flames?
Escapando do Twin Flames (Scaping Twing Flames) tem três episódios. Ele está disponível na Netflix.
Avaliação Escapando do Twin Flames
Escapando do Twin Flames tem nota 6,7 no IMDB. Na imprensa, a média das notas é 7. A Rolling Stone afirmou que “como o título sugere, Escaping Twin Flames está muito preocupado com a questão de como alguém se afasta de tal grupo. Ou, como disse uma fugitiva recente chamada Marlee: ‘É preciso muito trabalho duro para se recuperar de um culto””.