O Nariz, de Nikolai Gogol [resenha]

O nariz de Nikolai Gogol

Ivan Iákovlevich é um barbeiro de São Petersburgo. Em um dia comum, ele se levanta, vai à cozinha, pega um pedaço de pão e ao cortá-lo encontra um nariz lá dentro. Ele levou um susto. A esposa ficou furiosa imaginando que ele teria mutilado algum cliente. De imediato, Iákovlevich percebeu que o nariz era de Kovaliov, um assessor colegial que costumava se barbear com ele. Desesperado, apanhou aquilo, enrolou em um jornal e tentou jogar do rio.

Do outro lado da cidade, quase que simultaneamente, Kovaliov acordava. Por um instante, achou algo estranho e mandou que lhe trouxessem um espelho. Ao observar o rosto, ficou em choque. Seu nariz não estava ali. Não havia marcas de corte, sangue ou um buraco no meio da face; somente a pele lisa.

A partir desses dois personagens, o escritor russo Nikolai Gogol desenvolve o conto O Nariz. Publicado originalmente em 1836, o próprio autor reconhece o quão groteso é o relato. Em tom de humor, Gogol usa essa história para criticar as condições econômicas, sociais e políticas da Rússia. Os protagonistas são antagônicos e servem para ilustrar o confronto entre a pomposa burocracia e as questões de classe.

Se um personagem busca se livrar do nariz, o outro chega a procurar jornais para publicar uma nota para recompensar quem lhe devolvê-lo. O nariz não fica pra sempre enrolado em um jornal. Ele se antropomorfiza e ganha vida. Por isso, outra característica da obra é explorar a identidade do indivíduo, algo presente na literatura russa como O Duplo, de Fiódor Dostoiévski.

O livro de Gogol é curto. Dividido em três partes, o texto tem um tom satírico e cômico na primeira. Na seguinte, nos deparamos com a angústia do assessor colegial e sua busca pelo próprio nariz. Já a última apresenta um fechamento improvável.

Gogol nasceu em 1809 em Velyki Sorochyntsi, na Ucrânia, e morreu em Moscou em 1852, na Rússia. Entre suas obras estão O retrato, O capote e O diário de um louco. Considerado um dos pais da literatura russa, ele influenciou grandes autores como Fiodor Dostoevsky e Leon Tolstoi. Franz Kafka com A Metamorfose também se inspirou no trabalho de Gogol. No cinema, David Lynch usa elementos do absurdo e do inexplicável como esse escritor.

Avaliação de O Nariz, de Nikolai Gogol

O Nariz, de Nikolai Gogol, tem nota 3,99 no Good Reads. Já no Skoob, a obra foi avaliada em 3,9. Na minha opinião, o livro merece um 4,5. Gostei bastante por ser uma narrativa simples e leve. Fiz a leitura no Kindle, na edição Antofágica. Como sempre, a editora não decepciona em termos de tradução e projeto visual.


Ouça o nosso podcast sobre Arte, Educação, Literatura e Comunicação

Cultura brasileira em imagens – acervo on line