O problemas dos três corpos: crítica da série da Netflix

O Problema dos 3 corpos - resenha, crítica e avaliação - Three Bodt Problems

A série O Problema dos Três Corpos é uma das grandes apostas da Netflix para este ano. A sinopse é a seguinte: “um grupo de cientistas faz descobertas revolucionárias ao longo das décadas. Ao mesmo tempo, as leis da ciência começam a cair por terra”. No trailer, vemos um conjunto de imagens que prometem um enredo de ficção científica que parece combinar tecnologia, atmosfera futurística e viagens espaciais.

O Problema dos Três Corpos tem oito episódios. O primeiro deles é promissor. Ele começa com um cientista que faz uma descoberta que coloca em dúvida as leis da física, a morte de uma amiga dele, um misterioso capacete de realidade virtual que permite acessar um jogo, uma pesquisadora que passa a ver uma contagem regressiva sempre que olha para o céu e, por fim, uma noite em que as estrelas parecem desaparecer e ressurgir em instantes.

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Imaginei, ao concluir o primeiro episódio, que O Problema dos Três Corpos iria seguir aquele clima de Dark com vários personagens, histórias entrelaçadas e um emaranhado de mistérios. Para a minha surpresa, ao final do terceiro episódio, o quebra-cabeça já havia sido resolvido. Depois disso, o roteiro passa a soar pouco plausível. Os episódios a seguir são repletos de diálogos extensos acompanhados por uma música sombria para tentar prender a atenção do espectador.

A série tinha tudo para ser um bom produto. Ela chega a ensaiar o uso de informações da física e da astronomia para amarrar o enredo. Uma das teorias citadas é o paradoxo de Fermi. Proposto pelo físico Enrico Fermi, ele questiona a aparente contradição entre a alta probabilidade de existência de vida inteligente em outras partes do universo, dadas as muitas estrelas e planetas semelhantes à Terra, e a falta de evidências observacionais dessa vida. Isso levanta questões sobre a raridade da vida inteligente, a capacidade de detecção ou comunicação interestelar e as possíveis razões pelas quais civilizações avançadas podem não estar fazendo contato. As respostas a esse paradoxo variam desde a hipótese de que a vida inteligente é extremamente rara ou não tecnológica até a ideia de que civilizações avançadas podem optar por evitar o contato deliberadamente.

Na série, a jovem chinesa Ye Wenjie (Rosalind Chao) consegue, na década de 1960, contato com uma civilização alienígena. Desiludida com a vida na Terra, ela se dispõe a ajudar os extraterrestres a invadirem e conquistarem o planeta. Nas décadas seguintes, ela monta um grupo com auxílio de Mike Evans (Jonathan Pryce) para sabotar o desenvolvimento científico e tecnológico da Terra e facilitar a invasão.

O Problema dos Três Corpos é baseado em um livro homônimo escrito por Cixin Liu. No Brasil, a obra foi publicada pela editora Suma com tradução de Leonardo Alves. A premissa da história é baseada em um problema clássico da física, que envolve a descrição do movimento de três corpos (ou mais) interagindo gravitacionalmente entre si, sob a influência da lei da gravitação universal de Newton. Apesar de ser um problema simples de enunciar, ele não possui solução analítica geral, o que significa que não é possível expressar uma solução em termos de funções elementares.

Na produção da Netflix, a civilização alienígena vive em um planeta que tem três estrelas próximas. Por isso, sofre influência e impacto que não podem ser previstos com precisão. Sob o risco de serem extintos, eles acham a Terra um lugar adequado para viverem já que aqui temos estabilidade gravitacional. Como a distância é de 400 anos-luz, a tecnologia deles permite a viagem.

Já houve uma adaptação desse livro para outra série antes da Netflix. Uma das diferenças é que, na primeira versão, são 30 episódios. Outra modificação é que originalmente a história se passa na China. A Netflix optou por mostrar a trama em Londres, na Inglaterra.

Avaliação de O Problema dos 3 Corpos

A série O Problema dos Três Corpos foi avaliada com nota 7,8 de 10 no IMDB. No Metacritic, a média da imprensa especializada é 70 de 100. No Rotten Tomatoes, a aprovação é de 77%. O jornal San Francisco Chronicle comparou a produção da Netflix com A Chegada, de Denis Villeneuve, e Contato, de Robert Zemeckis. The Hollywood Reporter afirmou que “ninguém no conjunto é ruim, mas poucas apresentações são memoráveis”.

A série tem no elenco nomes importantes como Benedict Wong e Jonathan Pryce. Mas, à exceção deles, a maior parte do casting entrega uma atuação mediana e nada convincente. Os diálogos são redundantes e pouco criativos. A série tenta ter uma fundamentação científica, mas se perde ao explicar os meandros da trama ao público. Os efeitos visuais são, muitas vezes, ridículos e não estão à altura de uma obra desse porte. Como fã de ficção científica, fiquei decepcionado. Espero que a segunda temporada seja melhor. A minha nota é 2,5 de 5.

Elenco O Problema dos 3 Corpos

Jovan Adepo – Saul Durand

Liam Cunningham – Thomas Wade

Eiza González – Auggie Salazar

Jess Hong – Jin Cheng

Benedict Wong – Da Shi

Marlo Kelly – Tatiana

Alex Sharp – Will Downing

Sea Shimooka – Sophon

Rosalind Chao – Ye Wenjie

Jonathan Pryce – Mike Evans

John Bradley – Jack Rooney